O Pneu e o Grip

11-08-2010 09:32

   

Entre o Pneu e o Asfalto

O veterinário Irlandês John Boyd Dunlop jamais poderia imaginar que, em 1888, ao dotar as rodas de um pequeno triciclo que construiu artesanalmente para seu filho, com câmaras “infláveis” , estaria “reinterpretando” o princípio já anteriormente descrito por um tal de R. W. Thomson em 1844, de Edinburg, e assim lançando a pedra fundamental para o que no futuro viria a ser uma revolução para o mundo todo, ou seja, o pneu ! 

Em 1892 o Sr. Robert Friedrich Metzeler, que desde 1863 já confeccionava artigos de borracha e tinha adquirido enorme experiência com sua manufatura  ao trabalhar no projeto dos grandes dirigíveis alemães, capitaneado pelo Barão von Zeppelin, nos idos de 1890 na Alemanha, aplicou ineditamente o mesmo princípio para criar também o primeiro “pneumático” a forrar as rodas das bicicletas e motocicletas da época.

Em 1894 foi a vez do Senhor Michelin perceber que a mesma técnica poderia ser aplicada a um automóvel e lançou então o primeiro pneu de carro inflável do mundo!

Uma invenção com enorme potencial, sem dúvida.

Ainda hoje, pouco mais de 100 anos desde a sua invenção, o “Pneu”  ainda é o único ponto de contato, ou melhor, a interface entre o veículo e a pista !

Duas pequenas áreas de contato do tamanho de um pires  de sobremesa são responsáveis por transmitir todas as forças geradas pela roda dianteira e traseira além de terem de resistir a todas as forças longitudinais e laterais incidentes sobre as rodas - não fazendo isto, nada mais segura o veículo.

A “borracha”, parceira do asfalto ontem como hoje, era obtida antigamente da seiva da seringueira sendo que atualmente mais de 70% da demanda mundial por este produto é obtido de forma sintética extraído do petróleo.

O Fenômeno da Adesão Molecular

No sentido físico “purista” da palavra, BORRACHA, esta não é considerada um elemento no estado sólido, é sim muito mais um “LIQUIDO” extremamente viscoso ou denso, por isto, se aplicam outras leis que regem a geração da aderência entre o pneu e o asfalto que as que definem o atrito entre dois corpos “sólidos”.

O primeiro fenômeno que define a aderência dos pneus ao asfalto é a “atração molecular” ou  ADESÃO, que por sua vez é uma propriedade existente  em todos os materiais cujas moléculas possuem um poder de atração umas sobre as outras, conforme descreve a Lei de Coulomb, sobre a interação magnética entre os átomos.

A grandeza desta “Força de Atração” é definida primeiramente pelo tamanho da área em contato existente entre os “parceiros”, e assim atua diretamente proporcional ao mesmo.

No caso de uma moto, se a área de contato “normal” entre os pneus e o asfalto já é considerada muito pequena, algo como o diâmetro de um prato de sobremesa para a roda traseira e o asfalto, na realidade a superfície real de contato que nos proporcionaria  o efeito da força de ADESÃO não passa de no máximo 25% desta área, porque ?

A Área de Contato

Nem o pneu e nem o asfalto são superfícies completamente “lisas”, ou seja, vamos olhar com uma lupa ou poderosa lente de aumento, veremos que o asfalto é formado como uma verdadeira cadeia de montanhas cheia de picos elevados e vales, seria assim como as serras, os Alpes ou os Andes só que em miniatura, sobre os quais trafega então um pneu gigantesco o qual, obviamente, só consegue tocar as “pontas” destas montanha e por isto somente nesta reduzida área de contato real pode-se criar o fenômeno da ADESÃO, uma constatação preocupante sem dúvida.

 

Matéria do Site Moto Pássaros:

https://alpha.mps.com.br/motociclismo/news.asp?Noticia=47

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